quarta-feira, 27 de junho de 2007

Cacofonia

Uma vez o sapo Caco me chamou pra um show.
Chegando lá vi que Caco cantaria, receberia convidados e tinha uma festa a aproveitar.
Caco cantava, limpava o ambiente e bebia coca-cola.
Ele, sóbrio, nem percebeu, mas todos exageravam na bebida.

Pobre do Caco!
Catava caco,
Cantava o Caco,
Bebia Coca-cola,
Colava os cacos,
Colocava copos no lugar.

Cantava o Caco,
Bebia Caco,
Colava Caco,
Catava Caco,
Colocava caco no lixo.

Catava lixo,
colava coca,
cantava cacos,
Colocava o Caco,
Bebia lugar.

Cadê o Caco,
com seus cacos?
Cantava o Caco,
mas bebia cola.

Caco caiu,
Cacarejou
Coca-cola lixo,
Sinfonia de cacos,
Caco brilhou, de euforia,
Brilha, brilha!
Cacofonia.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Visões

Olhe-se no espelho e diga-me o que vê.
O espelho fala contigo, madrasta? Ou só fala o que você quer ver?
Teoria da conspiração andou rondando sua cabeça.. Seu espelho se concavizou.

Olho-me no espelho e não sei o que vejo.
Ele não fala comigo, se distorce.
As imagens são uma, duas. São de tamanhos diferentes na mesma hora. São a pura imagem.
Ou é uma teoria da conspiração, e talvez não haja nada insípido, só deturpado mesmo.

Minha visão é, pois, periférica, visto que não inteiriça.
Mas tenta se comportar como uma, englobando as junções de periferias.
Ela vê aglomerados; vê um rato comendo um gato.
Ela vê metade de pessoas. Ela não vê o belo, a não ser que eu ande para frente.
Mas caso eu o faça, perco a característica de outrora, e torno-me esférica.

Não é assim que quero.
Busco meu mundo irreal, de beiradas.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Aracnovida

Acendam as luzes e abram as cortinas!
Recomendações de imediato: não comam na frente na atriz. A gula desvia sua atenção.
Preparados?
O espetáculo tem início.

Segue-se a felicidade na frente dos bois.
Sorrisos lascivos traduzidos em auréolas reluzentes. E dois atores aparentemente felizes.
O que desperta a atenção é a atriz - singularmente feliz.
Feitiço de Alice: hipnose produzida por um sorriso.
Cadê o conteúdo? Sorriso. Cadê os pensamentos? Sorriso. O que há detrás desse olhar apático? Sorriso. Não exergo.. Não.. Sorri...

Nada adianta de questionar; some-se.
Entre o brilho aureolar e o som de uma gargalhada, há indicação de Oscar.

Aplausos para a jovem que protagoniza a própria vida mascarada.
Ovaciono a perfeição das suas mentiras, e proponho um baile - pura valsa - em sua própria teia.
Sim, é o que posso fazer.

Gostaria de te tirar deste teatro, mas as cordas de sua vida te enroscam.
Para que ganhar Oscar? Para que se manter nesse enruscamento de fios? Para que dançar mambo equilibrista se você sabe que vai se embolar mais e mais?

Sorriso. Sorriso. Sorriso.