quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Algo latente late intermitentemente.

Observo de soslaio uma pequena teia de aranha se formar no canto do teto com a parede. Observo atentamente essa junção feita pela construção. A sustenção para o céu limitado de um cômodo. Penso agora onde estaria o canto do céu estrelado. Tão vago, tão distante e cheio de estrelas na minha cabeça...
Com uma atenção quase que felina, vejo minha pequena aracnídea mover-se a tecer sua casa-devoradora. Minha casa, meu refúgio, tudo um suberfúgio para comer. Também me alimento sob meu teto, mas horas também fora dele, oras! O céu da minha casa agora se torna um simples indício de algo maior, maior que o céu. Tão sombrio e escuro para mim agora..
Mas a pequena trabalhadora pouco parece se importar com a quantidade de luz do dia. Sua habilidade artesanal é quatro vezes superior que a dos homens. Ah, se houvessem apreciado as aranhas como eu antigamente... Talvez a genética tivesse evoluído mais rapidamente que a engenharia 'moderna'. Investir em novos braços para otimizar o trabalho dos operários que já nem sabiam mais o que era o anoitecer. Ah, a noite... Cada vez mais densa e preguiçosa...
Choque aracnofóbico! Que precisão e discrição! Já até havia me esquecido da costura do canto da minha parede. Canto, um canto quase que ninfético. Será que o céu teria ninfas voadoras? Brisa, leve, leve, bigorna em meus olhos.

E o sono segue preso em oito patas, seguro numa teia.