Posto-me de fronte pra mesa, e não poderia ver nada mais explícito.
Uma massa disforme, corre pela beirada, desampadara, desesperada, e consciente da eminência de cair.
Escorre tão profusamente como escorre o tempo das mãos.
Apesar de alguma base, de algo que a teoricamente sustentaria, ela se esparrama sem controle.
Esforço inútil. Não há como segurar; nem mesa nem mãos.
Inútil também é resvalar qualquer simbologia para essa massa bexiguenta. Para que nomeá-la? Para que mensurá-la?
Realmente, não posso negar, há os que tentam fazer. Aliás, a maioria tenta.
Final trágico e conhecido: acaba por ser enrolado e sufocado por algo sem controle, sem medida, sem nome.
O tempo sufoca.
Carcaça fétida embalada num relógio? Quero fugir disso.
4 comentários:
Minha querida , quase pude palpar essa massa , ela pode ser tanta coisa , o tempo , o inútil amor que bate e desbate .
É incontrolável e p/ isso surgiu o prozac . Medida besta da sociedade de nos enganar, mas alivia !
Adorei o texto . E a respeito do Paulo e a primiera parte , não espere que seja assim tão fictício ! hehe Tudo pode parecer o que ´nem se passa perto .
É o objetivo do futuro projeto literário .
Beijos querida !
acho que o negócio é saber lidar com a massa bixiguenta, aproveitá-la ao máximo. controlar é impossível.
gosto muito da forma como vc expõe as coisas.
Desculpa a demora, Mari! =D
Você já reparou como você tende a tratar dos assuntos utilizando "seres" líquidos? Talvez seja para indicar algum nível de controle, visto que se fossem gasosos seria muito pior (nem quero entrar em "gasosos invisíveis" porque aí já é absurdo).
Sólido -> Controlável
Líquido -> Razoavelmente controlável
Gasoso -> Incontrolável
Seria isso?
Claro, não podemos ignorar as excessões como "Sólido colossal" = Incontrolável, "Gasoso negro" = evitável, e "Líquido gelatinoso gelado" = Quase controlável.
=P
A única coisa que não podemos controlar, escapar e parar de ver mesmo que feio é o tempo.
Maldita massa disforme!
=/
=*
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